No dia 16 de julho de 2024, o MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal celebra o centenário de nascimento e a memória de um dos grandes nomes das Geociências, que teve a missão de combinar os conhecimentos da química à determinação de componentes de amostras de rochas, águas, solos e metais: Cláudio Vieira Dutra.
Nascido em São Sebastião do Paraíso/MG, em 16 de julho de 1924, formou-se em Química Industrial aos 24 anos, pela Universidade Mackenzie, em São Paulo. Desde as etapas finais de seu curso, Dutra se demonstrou interessado por indústria e tecnologia. No início de sua carreira, trabalhou em algumas siderúrgicas de Volta Redonda/RJ, numa época que a metalurgia brasileira começava a dar passos mais largos em um processo de modernização do país.
Dutra buscou, em seu estado natal, oportunidades que lhe pudessem dar experiências profissionais mais desafiadoras, especialmente direcionadas à pesquisa, área de atuação na qual ele se interessava bastante. Foi naquela época que se aplicou a uma vaga no Instituto de Tecnologia Industrial (ITI), de Belo Horizonte, e foi aceito para trabalhar com Djalma Guimarães, o maior expoente da Geologia brasileira de seu tempo.
No ITI, Dutra assumiu as análises espectroscópicas (equipamentos que usam radiação em análises qualitativas) e lá trabalhou com a análise de amostras minerais e metais que vinham de diversas partes do estado. Dentre elas, analisou o conteúdo de amostras que vinham de Araxá e, em algumas delas, encontrou a “assinatura química” de um dos elementos raros do solo: o Nióbio (Nb). Atualmente, esse metal é uma das maiores fontes de renda da cidade do oeste de Minas Gerais, e transformou o Brasil em um dos maiores exportadores de nióbio do mundo.
Depois de muita dedicação ao ITI, Cláudio Vieira Dutra ajudou a fundar laboratórios e trabalhou como um dos principais responsáveis da GEOSOL, uma das maiores empresas da América Latina dedicada à análises de rochas e solos. Dutra sempre contava, com risos, como conheceu o fundador da GEOSOL, Victor Dequech: “ele me chamou até sua sala e disse: entre-se e sente-se!”. Dentre várias outras conquistas, também ajudou a criar a Sociedade Brasileira de Geoquímica, publicou dezenas de artigos em revistas científicas, ministrou cursos de geoquímica e contribuiu na separação e curadoria de grande parte do “Acervo de Djalma Guimarães”, que hoje faz parte das coleções que ficam sob a guarda do MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal.
E é por isso que, neste mês, o MM Gerdau destaca mais uma vez o pioneirismo de Cláudio Vieira Dutra. Conheça mais sobre sua história no episódio de nosso podcast, que traz alguns trechos da fala de Dutra sobre sua trajetória, resultado da entrevista realizada com ele em novembro de 2021. É improvável que no presente ou no futuro possamos falar dos avanços da Geologia nacional de nosso país sem mencionar o Cláudio Vieira Dutra. Que os 100 anos, lembrados desde seu nascimento, confirmem seu lugar na historiografia das geociências brasileiras!