O MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal tem como sede o edifício histórico do Prédio Rosa, em Belo Horizonte, e integra o corredor cultural na Praça da Liberdade. O Museu abriga um importante acervo sobre a mineração e metalurgia, duas das principais atividades econômicas do estado de Minas Gerais, e é patrocinado pela Gerdau, via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com o apoio da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM).
Em 2016, ao completar seis anos de história, o MM Gerdau tornou-se a primeira instituição museal brasileira a aderir ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), assumindo compromissos para a garantia dos direitos humanos e comprometendo-se a adotar ações e práticas diárias que estejam de acordo com os valores fundamentais e internacionais sobre direi – tos humanos, meio ambiente e sustentabilidade, relações de trabalho e combate à corrupção.
O MM Gerdau possui como missão a divulgação e democratização da ciência. Por isso, além da manutenção do pacto firmado em 2016, o Museu possui o setor Educativo, que transforma os conteúdos científicos em experiências lúdicas e em conteúdos didáticos, garantindo espaços para trocas, diálogos e reflexões. Essas ações possibilitam uma forma alternativa de ver e interpretar o mundo a partir da ciência.
O Educativo do MM Gerdau
Criado em 2010, junto com o Museu, o Educativo foi pensado para realizar a formação de pessoal destinado aos atendimentos escolares. Ele é formado por um corpo profissional multidisciplinar composto por analistas em educação, educadores e estagiários de diferentes áreas do conhecimento, como história, geografia, geologia, dança, filosofia, farmácia, medicina, artes visuais e arquitetura. As atividades desenvolvidas por esses profissionais auxiliam na construção de pontes e conexões entre os conteúdos presentes no Museu e os diferentes tipos de público e setores da sociedade, sejam eles da iniciativa pública ou privada. São ações que envolvem ciências, arte, cultura, história, memória e patrimônio, tanto da cidade quanto do próprio Prédio Rosa.
O Educativo promove a educação e a formação cidadã, por meio da divulgação da ciência, da tecnologia e da cultura, contextualizando a relação da história de Minas Gerais e do Brasil com a história das minas e do metal. Busca criar interesse pelas diferentes áreas de atuação que estão presentes na atividade do mundo mineral e pensar sobre como os metais e minerais estão presentes no dia a dia das pessoas, estimulando o pensamento e a imaginação dos visitantes, seja de forma presencial ou virtual.
Da Cidade para o Museu
As ações e atividades criadas pelo Educativo são desenvolvidas respeitando os preceitos de acessibilidade e inclusão, tendo em vista o acolhimento e a recepção de pessoas com limitações físicas e cognitivas. As dinâmicas e oficinas desenvolvidas pelo Educativo buscam integrar essa multiplicidade de público, construindo redes de sociabilidade baseadas na alteridade.
Suely Monteiro, historiadora e coordenadora do Educativo do MM Gerdau, fala do catálogo de ações realizadas pelo setor: “Ele é extenso, assim como a diversidade dos temas abordados. São oficinas, dinâmicas, jogos, brincadeiras e contações de histórias que dialogam com questões contemporâneas, encontrando grande ressonância na comunidade. Meio ambiente, reciclagem, tecnologia, metais e minerais, ocupação e culturas das cidades e trabalho são alguns dos temas que trabalhamos nos últimos anos”
As parcerias realizadas entre o Museu e escolas públicas da cidade merecem destaque. Dentre esses projetos, Monteiro aponta o “Um Olhar, Uma Luz”, em que crianças da rede pública de educação realizam e participam de uma exposição coletiva de fotografias autorais. Sobre essa ação, ela relata: “Uma das que mais me toca, pessoalmente. Trazer o trabalho dos alunos realizado nas escolas para uma exposição no Museu, e pensar que nesse mesmo lugar arquitetos e artistas de renome internacionais fazem suas exposições. Ter a ‘Lorraine’ e a ‘Cristiane’, que moram na periferia de Belo Horizonte, expondo suas fotografias, é gratificante”.
Do Museu para a Cidade
Para garantir a extensão dos conteúdos presentes no Museu com a cidade, o Educativo promove a ampliação do diálogo e realiza projetos especiais que vão além dos portões do Prédio Rosa. Com o trabalho de educadores, oficineiros e apoio de parceiros que realizam suporte logístico e financeiro, diferentes projetos já foram realizados nesse sentido. Dois deles trazem a essência dessa vontade de aproximar o acervo com a comunidade: “Se Essa Rua Fosse Nossa” e “O Museu Atravessa a Cidade”.
Ambos libertam o Museu das suas próprias paredes. O primeiro traz a experiência de apropriação do espaço público. “Se Essa Rua fosse Nossa” cumpre o papel de discutir os espaços públicos e repensar a apropriação e utilização desses locais, colocando em voga questões sobre segurança, solidariedade e cidadania”, explica Monteiro.
Já o “O Museu Atravessa a Cidade” é um projeto em que o Educativo vai até as salas de aula, voltado principalmente para a educação infantil da rede pública. “Como parte desses alunos possuem questões e dificuldades com o transporte até o Museu, nossa proposta inicial é levar um recorte do nosso conteúdo e acervo até eles. Porém, chegando lá, descobrimos que é mais do que isso. Existe um movimento contrário, em que trazemos dos alunos suas experiências e vivências para dentro do Museu. Isso nos faz repensar a riqueza desses intercâmbios. Isso é maravilhoso nesse sentido. São experiências que nos dão vida. E o Museu é sinônimo de vida!”, explica Suely.
Novas oportunidades de mediações: o mundo virtual
Com o avanço tecnológico, o aumento da necessidade de criar e pensar soluções digitais e a valorização do uso de mecanismos virtuais pelas instituições, o Educativo do MM Gerdau também se reinventou por esse caminho. Em 2020, o setor Educativo viu a oportunidade de buscar a integração e consistência de suas ações também em plataformas digitais.
Atualmente, a programação do Museu conta com as “Visitas Virtuais Mediadas”, um momento em que um recorte do acervo é apresentado ao público por meio de uma visita agendada realizada por aplicativos de reuniões on-line. Educadores realizam a mediação da visita para o público, que acompanha virtualmente os caminhos dos corredores e exposições do Museu.
Apesar da distância, o Educativo conseguiu tornar possível a experiência por meio do diálogo, interações e discussões com os participantes. As visitas são acessíveis e possuem tradução em Libras, o que permite a ampliação do público visitante virtual. Pensando em possíveis mediações com o público presente nas redes sociais, também surgiram outros projetos além das visitas guiadas. O “Minuto Libras” conta com vídeos educativos que ensinam ao público espectador sinais em Libras abordando diferentes temas ligados ao mundo das artes, ciências e tecnologia. Já o “Mulheres Sensacionais” trata-se de uma série de ilustrações que se transformou em uma exposição digital divulgada no Instagram do Museu, apresentando mulheres de renome da ciência.
“É preciso pensar nessas novas tecnologias e nas linguagens para adentrarmos esse universo. O primeiro impulso é pensar o que temos e aquilo que pode ser adaptado ao mundo virtual. Entendemos que não. O caminho é realmente criar novos produtos voltados especialmente para esse novo ambiente e não, simplesmente, transpor o presencial para o virtual. Isso irá possibilitar novas características e possibilidades para o Educativo, para o Museu e para o seu próprio público”, finaliza Monteiro.